Os Melhores . .


Eles estão aos montes por aí. Infestando festas, bares, casas de amigos, redes sociais. Os homens que não prestam para nada. Não sabem até hoje, e já têm seus trinta e poucos ou muitos, o que querem da vida. Se arrastam para a janela, para o banho, para o jornal. Não se interessam por nada que não seja a hora que dá um soninho bom de esquecer a vida. Não sabem ganhar dinheiro mas sabem que dinheiro ajuda a ganhar mulheres e então já desistiram também de ganhar mulheres. Até tentam quando bêbados. Até tentam quando a mulher é ruinzinha. Mas das interessantes e fortes, passam longe. Medo, pavor, de que elas descubram que seu pau, na verdade, está enfiado no meio das pernas. Só que neste caso, como um rabo temeroso. O pouco que ganham, torram em cerveja e em algum analista mais barato. O pai já desistiu, os irmãos. A ex namorada não pode ver o cara pintado na frente. Só a mãe liga, de vez em quando, e tenta uns elogios. Afinal, ele tem a alma boa. Seus relacionamentos não passam de duas semanas. Quem é que vai querer ter um filho com um ser que atrasa o pagamento da luz, não trabalha fixo em nenhum lugar há sete anos e ainda guarda um resto daquela graninha da casa do tio avô? Deu o quê? Quinze mil pra cada neto sobrinho? Mas sobrou 200 paus que ele guarda pra emergências, é um homem que pensa no futuro. Sua melhor camisa é furada, seu ultimo livro foi pro vestibular que ele não passou. Não fez faculdade, mas frequentou os bares de algumas. Não sabe o que é ter chefe, mas gerente de banco ele já teve uns dez, até brigar com todos, por pura vergonha mesmo. Pouco importam os filmes, os livros, as músicas. A bituca de maconha deixada pelo último ex amigo que teve a coragem de morar com ele, queima qualquer lembrança ou desejo. Queima até a vontade de morrer. Pra morrer é preciso um pouco de vontade e de dinheiro. Ele até sabe falar “Truffaut” pra impressionar alguma gordinha japonesa que passou em fisioterapia na Unicamp, mas ele próprio não sabe se isso é diretor de cinema ou marca de lençol. Pra que serve um ser humano desses? Não conto. Mas acho que o fetiche da pobre e perdida empregadinha no tanque ganhou, em tempos modernos com seus papéis trocados, o coração das mulheres em suas mesas de jantares de madeira maciça.


(T.B)

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