Four months

A essa altura é tudo tão "gracinha" e assustador.Um turbilhão crescendo literalmente dentro de mim.Ânsias de se viver bem,a incerteza que uma noite pensando no futuro traz,a fixa que aos poucos vai caindo,as mudanças exageradas de humor,hormônios,sangue,corpo,alma...Tudo acontecendo com muita intensidade e quando eu já achava que não acharia na minha vida nunca mais algo assim,eis aqui...
  • Ele dança descaradamente e eu sou tão feliz. Não poderia amar esse homem, não, não é o tipo de homem que eu amaria. Mas sou feliz nessa uma semana, ou duas, não sabemos ainda.Porque ele é tão feliz, tão mais feliz do que eu jamais fui. Ele realmente curte bobeiras na televisão, coisa de quem não fica na varanda querendo se jogar, acho eu dentro de alguma lógica maluca da minha cabeça. E fica feliz se tem a lasanha preferida dele no restaurante. Feliz por causa de uma lasanha! Faz aquela cara de "delicinha que é viver". E tem bochechas vermelinhas e não fede pó na nuca como as pessoas gastas pelo tempo ou azedo no peito como as pessoas desgastadas pelo pó.Ou qualquer coisa por aí. Ele só se sente bem em estar vivo. Isso. Ele corre no parque, toma banho, veste a cueca cantando, coloca uma meia branquinha e vem me ver. Pede a lasanha, me beija perto da orelha. E ele se sente muito bem com a vida e com o corpo e comigo. E por isso, ando feliz que só nessas semanas. Mas com certeza eu não poderia amar esse homem. Eu nem mesmo, pra falar a verdade, o admiro. Não, admirar eu admiro, porque tô aqui de boca aberta olhando pra ele e curtindo estar nessa vida de amaciante e pão quentinho. Mas eu só amo, e aí sim é a certeza de sentir algo maior e com futuro (e passado), a certeza de poder viver ao lado dele, essa história que nem é minha ou pra mim, e depois voltar pra casa e encontrar meu senhor, meu marido, meu único amor da vida inteira.. Ele me espera, faz meu banho, me cobre, me devora o tempo todo, dorme encaixado em mim. E sabe que esse garoto é só mais o garoto ou homem ou moleque ou velho da semana ou do mês. Eles não passam disso. E me perdoa. E diz que é assim mesmo, para eu viver por aí mas depois voltar pra casa, pra ele, pro homem que me deu tudo o que eu tenho, que me ama como eu sou, e que sabe, dentro da sua segurança de duzentos mil infinitos anos, que jamais será trocado. Ele pede a lasanha e come fazendo gemidinhos de programas vespertinos de culinária. E esfrega as mãos nas minhas costas, sabendo que eu preciso mesmo ser acesa o tempo todo, pra não sucumbir a essas coisas gélidas que me atravessam.E ri, o tempo todo, ele ri, como é feliz! E eu embarco em mais um trem (às vezes fantasma, desse vez da alegria) mesmo odiando viajar. Eu vou porque é preciso ter histórias, viver coisas, sair de casa, mas nunca vou realmente. Sempre me sinto ocupando de favor o lugar da personagem real que está doente ou enlouqueceu. Assim que coloco o pé pra fora, viro uma substituta de qualquer um que sabe viver. Uma coadjuvante de mim que rouba a cena porque os engracados sempre roubam. Experimento pessoas como experimento comida baiana, "tá, deixa eu ver que gosto tem, mas não muito pra não morrer aqui, longe de casa, debaixo desse sol e dessa alegria". Assim que chego em casa e abraço meu único e verdadeiro marido, meu silêncio, sou eu mesma e nada pode dar errado ou acabar. Ele ri mais um pouco, segura firme na minha mão, eu quero contar, ele merece saber, eu estou amando e super feliz de brincar de amar e ser feliz, mas olha, querido, daqui a pouco eu volto pra ele. O silêncio. Eu sempre volto pro silêncio. Mas agora acelera aí, apita, solta fumaça, sei lá como é andar de trem, mas sempre ando. Vamos ver até onde eu aguento dessa vez.

Optar é uma realidade, não um luxo. 
Cada um,enfim com seus problemas!
Ai,ai...

    Deveria ser óbvio

    É só comigo ou com você também é assim,pague um,leve culpa?

    A recaída de amor acontece como num daqueles pesadelos que se está caindo. De repente você acorda sentado na cama: Meu Deus, eu preciso saber! Mas se eu já estava tão bem há semanas. Volte a dormir, volte a dormir. Você já tinha decidido lembra? Nada a ver com você, chato, bobo, não deu certo. Mas eu preciso saber. Não, não precisa. Pra quê? Vai te machucar. Não! Eu preciso saber. Então levanto da cama.
    Orkut, a desgraça em formato de parquinho virtual. Nome dele, aparece a foto avermelhada e ele de perfil. É tão bonito. Mas não há mais nada que eu possa ver. Nos deletamos mutuamente pra evitar justamente esse tipo de inspecão noturna.A curiosidade mata.E mata porque me perguntam de você pelas ruas,todo tempo.Até parece que eu nasci grudada em você.Eu sei que isso é coisa da minha cabeça e não do coração,ego,insuficiência,saliência,tendência(ência-ência-Ência)...enfim...um eco dentro de mim.Por onde é que você anda,hein?...Mas isso não vai ficar assim. Ligo pra nossa amiga em comum. Ela não atende, afinal, são duas da manhã. Mando mensagem "me manda sua senha do orkut agora ou vou ficar te ligando até amanhã cedo". Ela manda a senha e um palavrão. Acesso. Vamos ver. Eu preciso saber. Eu preciso. Então vejo que ele não posta nada há semanas. Fotos, fotos. A única foto nova é a do perfil que passou de "Nós" para "Ele sozinho".Nada!
    Tento o Twitter mas ele só escreve piada de político. Tento o Facebook, Twitter e blogs de amigos...Está ficando tarde. Se eu tivesse essa mesma concentração e minuciosidade e empenho e energia para o trabalho estaria rica. Estou retesadamente motivada e atenta. Mas não consegui nenhuma informação e eu ainda preciso saber.Mas saber o que?...São seis da manhã. Estou cansada. Coloco a música de quando você forçou a porta do quarto e entrou. Black Swan. Não sou boa de inglês como você, mas sei que é a história de algo que já começou fodido porque cresceu demais antes da hora, você que pegue um trem e suma daqui. Que bela música pra começar. Ok, agora estou chorando. Lembrei que eu me sentia tão viva com você me olhando bem sério e bem no fundo dos olhos e machucando meu braço. Sim, é definitivamente uma recaída e eu acabo de decidir que te amo mais que tudo no universo e que amanhã, ou hoje, porque já são sete e meia da manhã, vou resolver isso. Agora preciso dormir só um pouquinho.Volto pra cama. Coração disparado. Não tem posição na cama. O que eu faço? Não tô a fim de ler, não tô a fim de ver TV. Aquelas outras coisas que se faz pra acalmar tô com preguiça agora, minha imaginação está indo toda para traçar um plano para que eu descubra. Descubra o quê? Não sei, mas sei que algo está acontecendo, ou eu não estaria assim. Porque eu sinto quando ele está com alguém, sabe? Eu sinto. Sim! Uma cartomante!
    Ligaria para uma e perguntaria se ela atende por telefone.Perguntaria também se ele está com alguém?  Eu preciso saber.Ele tá com alguma piranhuda desgraçada vagabunda vaca dos infernos? Preciso de chocolate,mas ele acabou há semanas, igual meu amor. E agora, de repente, preciso tanto dos dois novamente.Na falta de cartomante,liguei pra Gedi.Você acha que ele está com alguém? Não sei, Báh, eu ainda tô dormindo, posso te ligar mais tarde? Você acha que ele está com alguém? E se estiver, Báh, quer ir ao cinema mais tarde? Você acha que ele está com alguém? Putz, sei lá, homem sempre tá comendo alguém né? Você acha que ele está com alguém? Báh, do jeito que ele gostava de você? Claro que não!
    Chega, chega. Preciso me acalmar. Pra que isso? Se ele estiver com alguém agora, e daí? Terminamos não terminamos? Ele e eu não temos nada a ver, certo? Decidimos que era melhor assim, certo? Eu não tava bem com ele e nem ele comigo, certo? Porque era bom e tal. Aliás, meu Deus, como era bom. Mas não era bom pra ficar junto, certo? Então pronto. Chega. Adulta, adulta.
    Qual o problema se ele estiver agora, justamente agora, lambendo a virilhazinha de alguma desgraçada? Qual o problema? Ok, eu posso morrer. Eu definitivamente posso morrer. Chega, vou acabar com essa palhaçada agora mesmo.Tomo banho, me visto, pego a bolsa, e saio. Considerando que ele não mora perto suficiente pra ir a pé, não sei exatamente o que eu pretendo com isso. Mas me faz bem enganar o cérebro e fazer de conta que estou indo atrás da verdade. Na verdade vou só na casa de outro, preciso fazer qualquer coisa que não seja sofrer, mas não consigo. O outro não conhece Black Swan, não iria rir da história da cartomante, não me aperta o braço.Volto pra casa, destruída. Sinto tanto amor dentro de mim que posso explodir e bolhas de corações vermelhas atingiriam o Japão. Quase não consigo respirar. Chega, chega. Ligo pra ele. Ele não atende. Ligo de novo. Ele atende falando com uma voz fosca de quem não está nenhum pouco afim de saber de mim...Desligamos. Pronto, agora eu já sei. Depois de um final de semana inteiro de palpitacões, descargas de adrenalina, músicas, textos, amigos, danças, gritos, sensações, assuntos, choros, dores, vida. Agora eu já sei.Acabou!
    O que eu nunca vou saber é porque faço tudo isso comigo,só porque tenho tanto pavor do tédio?
    Na verdade eu acho que era só isso o que eu precisava saber.


    Ei...quantas vezes já perguntaram por mim nesses ultimos tempos?
    (Vai com a(o) namorada(o),Cadê a(o) namorada(o)...)
    Que saco né?
    Não pensa,só vai.Um dia muda,ou não.
    É bem verdade que nunca aprendi o que era certo e errado e que minha impulsividade abala qualquer tentativa de aproximação maior que um simples "até logo". Entendo que sou difícil de compreender e que às vezes faço tudo o que não queria e sinto um prazer imenso por isso. Sim, sou uma pessoa que não abre mão de certos valores por nada nesse mundo, mas que comete crimes muito piores. Eu realmente nunca entendi de onde vem tanta doçura e estupidez. Devo ser duas pessoas no mesmo corpo, o sim e o não, o pra sempre e o nunca mais. Desse jeito eu mantenho ao meu lado poucos e bons seres humanos. Eles me bastam, e acho que de alguma maneira também sou o suficiente a eles. Será por que de mim não se pode esperar nada? Ou por que se espera que eu seja capaz de tudo? Aí vem o passado que sempre se apresenta, dá o ar de sua graça. Vem assim, de repente, carregado por uma brisa, ou arrebatador, unido a maior tempestade. O que importa aqui é que ele sempre volta, e eu faço questão que seja assim. Pareço adorar fantasmas. Gosto de sustos e do que não posso mais estragar. É que já passou e mesmo com essa minha capacidade de arruinar tudo, sobre o que já foi eu só posso guardar lembranças e contar histórias. Devo ser uma daquelas pessoas que sentem prazer na dor, na perda. Aqueles estranhos que conseguem amar e odiar a cada 23 segundos, que dizem estar tudo acabado, mas no fundo, sabem que apenas começou. Não sei por que escrevo... Deve ser porque estou vazia, ou cheia demais. Talvez seja o amor tão grande que não cabe mais em mim. Talvez seja só tristeza e decepção mesmo. Não tenho porquês, geralmente o que faço não faz sentido. Eu simplesmente vou apertando os botões e escolhendo os caminhos conforme o que sou naquele instante. Mudo. Mutaciono e me transformo sempre, mas no fim, fica tudo igual. Eu fico aqui, você lá. Eu fico sozinha e você se completa com minha ausência. Devo ser daqueles vinhos muito fortes que devem ser consumidos com moderação... O problema é que nunca fui conhecida pelo equilíbrio. Acabamos embriagados de nós mesmos. Aí vem a ressaca, a repulsa, a abstinência. Às vezes, o vício. E do vício, o fim.
    .(Limão)


    Quem tem que ficar,fica.

    Foco no lugar vazio da mesa...(De novo)
    Já comecei textos assim antes.Dessa vez,de novo pelos mesmos motivos sempre,nem acho mais sentido em juntar palavras para falar de amor.Depois de tantas,parece que de tão calejado virou clichê! 
     Foco...

    Semana dessas um amigo me ligou e convidou para um Happy hour. A gente não se falava desde o ano passado,quando eu estava começando a me relacionar com um cara e  tudo deu errado pro meu lado.De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar( vira e mexe ainda temos) e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente.Evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras.Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto" e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase seis anos. Somos pra sempre. Ele conta do trabalho que adora, eu dos meus problemas amorosos. Os mesmos há mil anos. Contar e sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São seis anos. É isso. Ele me viu de cabelo curto quando me deu a louca de cortar. Eu lembro dele com cabelo grande naquele carnaval. Ele sempre comprou minhas pílulas do dia seguinte, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. 
     Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.



    "Quero que saibas que me lembro,queria até que pudesses me ver...És parte ainda do que me faz forte.E pra ser honesto só um pouquinho infeliz!"